CPI que investiga Copasa escuta população que recebeu mau serviço

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que apura denúncias sobre a distribuição de água e tratamento de esgoto em Divinópolis pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) realiza nesta sexta-feira (24) mais uma oitava. Dessa vez, foram ouvidos pelo Legislativo, cinco cidadãos que de alguma forma receberam a má prestação de serviço da companhia.

O superintendente da Copasa, João Martins, esteve presente apenas para escutar as reclamações.

A oitava teve início às 13h30 com o depoimento da moradora do Quintino, Ana Paula Freitas. Ela relatou que na segunda quinzena de agosto começou a monitorar a água de sua casa. Por possuir apenas uma torneira que chega água direto da rua e que é usada para encher o tanque de lavar roupa, ela pode perceber que a líquido que estava chegando tinha cor e odor diferente do normal.

Ana Paula conta que gravou vários vídeos mostrando o conteúdo líquido que saia de suas torneiras e enviou para os vereadores. Em instantes, um engenheiro responsável pela Copasa visitou sua casa para averiguar a situação.

Segundo ela, após ouvir suas reclamações e perguntar quem iria ressarcir o dinheiro que ela havia gasto lavando diversas vezes a caixa d’água, o engenheiro ofereceu um serviço que ela diz não considerar certo, mas deixou que fizesse para poder registrar em vídeo. O responsável ligou para um funcionário da Copasa para que realizasse a retirada do hidrômetro da casa de Ana Paula por 24 horas para que ela pudesse lavar sua caixa d’água sem ser cobrada.

“Eu vou ser sincera com vocês, eu sou contrária ao que eles fizeram, mas eu deixei para poder filmar, porque a forma que aquilo ali foi feito, como uma forma de calar a minha boca, foi ultrajante”.

A moradora disse que acredita que tirar o hidrômetro não é a solução. Ela diz que foi uma forma de recompensar pelo serviço mal prestado, mas na verdade não foi recompensada em nada, e foi apenas um pensamento equivocado por parte da companhia.

DOENÇAS

A segunda cidadã a ser ouvida foi Isabel Cristina Soares, do bairro Nossa Senhora das Graças. Segundo ela, há muitos anos falta agua onde mora. Isabel conta que quando surgiu o problema em setembro em que toda a cidade ficou a deriva por falta d’agua, toda vez que ligavam na empresa, a resposta sempre era que estavam fazendo melhorias no bairro ou que iriam ligar a noite.

“A Copasa foi negligente com a população, inventando desculpas e mais desculpas e coibindo. Por que a proibição de não poder ver o que está acontecendo, nem mesmo a imprensa?” completa.

De acordo com a moradora, toda a sua família teve problemas de saúde, mas ela foi a mais prejudicada. Isabel é cadeirante e desde 9 de setembro foi diagnosticada com diarreia crônica, precisando andar com soro e remédio para todo lugar. Isabel ainda conta que não pode se alimentar na própria casa, não porque falta comida, mas para não correr risco de se contaminarem e piorar a situação. Ela acredita veemente que todos os problemas de saúde ultimamente que são indicados como virose, estão relacionados com a água da Copasa.

DESCARTE DE CAMINHÕES DE ESGOTO

O terceiro morador a relatar suas denúncias foi Ricardo Alexandre, do bairro Lagoa dos Mardarins. Segundo ele, o principal problema é o descarte de caminhões com resíduo de esgoto na fossa comunitária de seu bairro.

Apesar de a Copasa alegar que são descartados apenas quatro caminhões por dia, os moradores acreditam que esse número chega a nove ou dez. Além de não existir identificação dos caminhões, a fossa entope com frequência, mas a companhia alega que os próprios moradores jogam entulho na rede de esgoto.

Ricardo explica que os moradores do bairro pagam 90% em suas contas de água relativas ao tratamento de esgoto que é realizado ali. Na fossa, o esgoto jogado é decantado e a água enviada para o tratamento de esgoto no bairro Icaraí.

“Eu penso assim, por que não faz essa fossa comunitária para receber os caminhões dentro da unidade de estação de tratamento da Copasa, para esperar decantar e fazer o tratamento lá? Para tirar essa dor de cabeça dos moradores”, coloca o morador.

RACIONAMENTO

Douglas Júlio da Guarda, morador do bairro Alto das Oliveiras também relatou os problemas que tem com a Copasa. Segundo ele, o principal é a falta contínua de água no residencial em que mora há mais de um ano.

Douglas conta que desde que se mudou, nunca teve um mês com fornecimento contínuo de água, e que a mesma geralmente chega no período da madrugada e após abastecer as caixas, acontece o racionamento.

Outro problema relatado é a emissão de ar nas torneiras. O morador relata que ele já gravou vídeos que mostravam a água saindo numa pressão tão forte que poderia até mesmo danificar a boia que fica na caixa.

ÁGUA SUJA E AUMENTO NA CONTA

A moradora do bairro Candelária, Vanessa Romão, contou que no dia 3 de outubro postou um vídeo no Facebook, pois já estava percebendo há alguns dias a presença de água suja na máquina de lavar. Na mesma semana a Copasa relatou na mídia que estavam com problemas em bomba, por isso os problemas.

Apesar de o abastecimento ser normal e quase não faltar água no bairro, Vanessa conta que a conta aumentou consideravelmente nos últimos meses, apesar do consumo ser praticamente o mesmo. Além de ter prejuízo, precisando comprar água mineral para beber, de outubro para novembro deste ano, sua conta subiu de R$80 para R$120.
Julia Sbampato

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